domingo, 24 de outubro de 2010

Resenha: Dragões de Éter

(Resenha com quase um mês de atraso!)

Já tinha ouvido falar de Dragões de Éter antes da Bienal do Livro SP de 2010, mas muito pouco. Encontramos o Raphael Draccon na Bienal e compramos (e autografamos!) o primeiro volume.Foi na mosca! Com certeza vou ler o resto da trilogia.

Uma das características que me chamou a atenção foi o narrador, que, ao contrário da maioria, tem personalidade. Ele não é um protagonista, mas conversa com você durante o livro. É fácil se identificar com ele. Bem legal!

Como diz a quarta capa, a história é recheada de referências à "nova cultura pop": jogos de videogame, músicas e bandas modernas (outras,  nem tanto), e principalmente contos populares, recontados e costurados para formar uma trama. Em certo ponto torna-se um jogo: você consegue identificar o que Raphael Draccon está referenciando com este personagem, esta situação, este nome?

Essa mistura do narrador carismático e histórias conhecidas torna a leitura muito fluida, muito fácil, e muito cativante! É difícil largar o livro, com uma reviravolta atrás da outra.


A história segue as aventuras de vários protagonistas, alguns bem conhecidos: João e Maria (da casa de doces) e Chapeuzinho Vermelho. Mas não pense que é um livro infantil; o chapéu ficou vermelho com o sangue da avó devorada, e a casa de doces era na verdade de barro e cacos de vidro! Outros personagens, como o príncipe Axel Terra Bradford, são referências a Final Fantasy e outros jogos do gênero.

Esses eventos terríveis já foram enterrados no passado, juntamente com as bruxas maléficas, contra quem o rei, Primo Branford, empreendeu uma verdadeira guerra. O reino onde vivem desfruta agora de um período de paz... mas isso está prestes a mudar. 

Dragões de Éter -- Caçadores de Bruxas (rating no skoob: 4.1) é o primeiro volume de uma trilogia. Os próximos, na ordem, são Coração de Neve (4.5) e Círculos de Chuva (4.5). Mas, para quem não gosta de se comprometer com uma série longa, boas notícias; o primeiro volume é um arco de história completo, sem cliffhangers!

Não deixem também de ler o conto extra que há no final do livro! ;)

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Resenha: A Máquina do Tempo

Esta edição da Máquina do Tempo, de Herbert George Wells, é muito interessante, em parte pelo prefácio que a acompanha. É interessante também porque é um livro escrito em 1895 que relata as primeiras ideias sobre viagem no tempo.

Basicamente, Wells foi um dos primeiros (pelo menos na literatura fantástica) a encarar o tempo como uma linha, onde se pode viajar para a frente ou para a trás usando uma máquina mecânica, como um carro ou uma bicicleta fazem nas outras três dimensões.

O conceito se popularizou, e hoje é até comum para alguns enxergarem o tempo como uma linha na qual só nos movemos (atualmente!) para a frente (uma arrow of time). Mas muitas histórias e filmes lançaram mão dessa imagem, como em Back To The Future 2 (veja se você se lembra dessa cena abaixo!)

A história em si é interessante; acompanha as tribulações do Viajante do Tempo (ele não tem um nome na história) indo até o ano 802.701 e encontrando a civilização humana... bem diferente, para não dizer outra coisa. Ele não consegue se comunicar direito com os humanos, que é algo inovador em comparação com outros contos da época (ele até comenta, no livro, que não possuía um "cicerone" para lhe explicar as coisas, como acontecia em outras histórias). Por isso, ele faz suposições e teorias baseadas no que ele vê... e, quanto mais vê, mais a teoria muda e se torna sombria!



Assim como seu contemporâneo Júlio Verne, as histórias de H. G. Wells tem um quê de steampunk (embora esse termo certamente não existisse na época!). A máquina, por exemplo, é descrita como um objeto de bronze e madeira, mas o princípio de seu funcionamento é sumariamente ignorado pelo narrador.

O livro é curto -- por volta de 32.000 palavras -- e, sendo tão velho, já está isento de copyright, o que significa que você pode baixá-lo de graça e legalmente pelo Projeto Gutenberg neste link.

A menos, é claro, que você ainda goste de "viver no passado" como eu e ler histórias em objetos estranhos feitos de árvores mortas ;)

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Prêmios e Nomeações Sci-Fi

Fiz uma pesquisa rápida sobre prêmios famosos que são atribuídos a livros e autores de Sci-Fi e Fantasia (SF&F), e resolvi postar o resumo aqui. Esses awards são ótimos pontos de partida para encontrar autores e orientar sua leitura!

Primeiro, o Hugo Awards. Este prêmio é assim chamado em homenagem a Hugo Gernsback, o fundador da revista Amazing Stories, uma das pioneiras na divulgação de autores de ficção científica por volta de 1926. O prêmio começou a ser entregue em 1953 (com outro nome oficial, mas o apelido, mais conhecido, de Hugo Award). A partir de 1955 ele se tornou oficial.

Esse prêmio é atribuído por uma votação na Worldcon, pelos fãs (em média, dos vários milhares de participantes da Worldcon, uns 700 votam). As posições são bem numerosas, incluindo Best Novel, Novella, Short Story, Graphic Story, Dramatic Presentation, Editor, Fan Artist, Fanzine e por aí vai.

Agora, os detalhes interessantes: esta página na Wikipedia lista os trabalhos que ganharam o Hugo em cada ano.

Em seguida, o Nebula Awards. Este prêmio é dado pelos membros da Science Fiction and Fantasy Writers Of America (SFWA), em cinco categorias: Best Novel, Novella, Novelette, Short Story e Script. (a diferença entre eles é o número de páginas, respectivamente: mais de 40.000, até 17.500, até 7.500, ou menos de 7.500. Script se refere a um roteiro de filme, TV, rádio ou teatro). Começou em 1965, com Frank Herbert ganhando o prêmio pelo livro Dune.

Uma lista resumida dos ganhadores do Nebula (entre parênteses, o número de vezes): Isaac Asimov (3x), William Gibson, Larry Niven, Theodore Sturgeon, Connie Willis (6x), Joe Haldeman (5x), Greg Bear, Lois McMaster Bujold, Harlan Ellison (4x), Ursula K. Le Guin (6x), Roger Zelazny (3x), Orson Scott Card (2x), Catherine Asaro (2x), Arthur C. Clarke (3x), Samuel R. Delany, Neil Gaiman, Vonda McIntyre, Frederik Pohl, and Kim Stanley Robinson (2x). A lista, por categoria, está aqui.

Por último, mas não menos importante, o Locus Award. Este prêmio é dado pela revista Locus, uma das mais influentes no nicho de SF&F. Inclusive, verifiquem o link acima; o site da revista é bem interessante! Eles publicam resenhas e listas de novos livros do gênero desde 1968 (o Locus Award em si começou em 1971).

Aliás, curiosidade: a Locus em si ganhou o Hugo Award de melhor fanzine (e, depois, de melhor semiprozine -- 21 vezes!). A importância da revista é citada por vários autores, entre eles Arthur C. Clarke, Connie Willis, Robert A. Heinlein, e Terry Pratchett. A lista dos autores que ganharam o prêmio está no site; abaixo há um resumo dos que ganharam mais de uma vez:

Ursula K. Le Guin (18), Harlan Ellison (15), Dan Simmons (12), George R. R. Martin (11), John Varley (10), Connie Willis (9), Orson Scott Card (8), Neil Gaiman (8), Lucius Shepard (8), Robert Jordan (7), Kim Stanley Robinson (6), Stephen King (5), Robert Silverberg (5), David Brin (5), Gene Wolfe (5), Isaac Asimov (4), Joe Haldeman (4), China Miéville (4), Larry Niven (4), Neal Stephenson (4), Michael Bishop (3), Greg Egan (3), Kelly Link (3), Lois McMaster Bujold (3), Tim Powers (3), Terry Pratchett (3).

Uma das ligações interessantes entre os dois é a lista dos autores e obras que ganharam mais de um desses awards ao mesmo tempo. A lista é grande; veja aqui!

Existem também outros prêmios relevantes, como o Andre Norton Award for Young Adult Science Fiction and Fantasy e o John W. Campbell Memorial Award for Best Science Fiction Novel . Em um próximo post vou fazer um resumo executivo dos autores que ganharam os prêmios nos últimos anos!