quarta-feira, 30 de março de 2011

Resenha: A Dama do Falcão (Marion Zimmer Bradley)

Não, não é essa a capa do livro que eu comprei -- bem que eu gostaria, mas a minha capa é a mais tradicional (mais abaixo). Segue uma sinopse resumida:

Romilly rejeitou seu nascimento nobre para tentar a busca pela liberdade. Possuidora de um talento raro que lhe permitia comunicar-se com os animais das colinas e das florestas, ela vivia entre eles e rejeitava a humanidade.
Era um período de guerra e caos nas terras de Darkover, quando usurpadores se apossavam do trono e o verdadeiro rei vagava disfarçado, com um preço por sua cabeça. Romilly não queria ter qualquer envolvimento nessas lutas, mas para outros homens e mulheres que partilhavam de seu talento, ela era a solução.
E, seja vestida de homem ou na mente de algum animal, ela era acima de tudo humana.

A Dama do Falcão (ou Hawkmistress!, em inglês) é um dos muitos livros de Marion Zimmer Bradley ambientados no universo ficcional de Darkover. "Darkover" é propriamente o nome do planeta, similar à Terra na idade medieval.

Estilo: Este livro foca muito mais no aspecto "fantasia" de Darkover do que no "sci-fi". Desde o começo, o mundo é medieval, regido por reis e nobres, servido por camponeses, com guerras lutadas com espadas e cavalos entre a honra e a ganância. Inclusive, na minha opinião o gênero de fantasia que Marion Zimmer Bradley tece neste livro é "duro": não há raças paralelas como elfos, anões e orcs, nem muita magia (em comparação, por exemplo, com Tolkien).

O que, por sua vez, destaca o Enredo. A protagonista é Romilly, que odeia a perspectiva de se tornar uma dama, com o dever de gerar filhos, e impossibilitada de passar o tempo com seus animais (falcões, cavalos, e cachorros). Entre a sua busca por seus ideais, o conflito com a dureza da vida fora de casa, e suas jornadas pelo mundo, a autora tece uma atmosfera bem realista.

Mas apesar do desejo de Romilly de se manter à margem dos acontecimentos importantes da época (o conflito entre o rei por direito e o usurpador), seu talento não a deixa passar despercebida. Ela possui um papel fundamental no conflito político que se desdobra ao mesmo tempo em que ela amadurece.

Romilly não é a única Personagem bem resolvida da história; existem vários outros, dos Reis em conflito até os aldeões, bandidos, camponeses, nobres, amigos e parentes. E isso sem contar os animais; com seu talento para se comunicar com os cavalos, os pássaros-sentinela, os falcões e muito mais, é de se esperar que eles também tenham um papel de destaque na trama.

De uma forma geral, A Dama do Falcão é um livro perfeito -- ótimo ambiente, realista e plausível, com pitadas comedidas de magia, um conflito empolgante e personagens carismáticos. A descrição na Wikipedia leva a crer que outros livros explorarão mais os aspectos de ficção científica: a origem das linhagens dos reis e dos talentos empáticos dos nobres.

E, para arrematar, este livro foi comprado na Estante Virtual -- pois a reedição custava mais de R$ 60, e eu obtive minha cópia, usada mas em ótimo estado, por menos de R$ 15. Ponto para a livre troca entre leitores! :)

quarta-feira, 9 de março de 2011

Preview: Midnight Riot (Ben Aaronovitch)

Mais um lançamento recente (ou dois, se você considerar a sequência que já está saindo também):

O policial-em-treinamento Peter Grant sonha em ser um detetive na Polícia Metropolitana de Londres. É uma pena que seu superior planeja destacá-lo para um departamento onde o maior risco que ele pode correr é cortar o dedo com um papel. Mas as perspectivas de Grant mudam depois de um assassinato enigmático, onde ele obtém informações exclusivas de uma testemunha ocular... que por acaso é um fantasma.
As habilidades de Peter de falar com os mortos o levam à atenção do inspetor-chefe Thomas Nightingale, que investiga crimes envolvendo magia e outras manifestações paranormais. E, conforme uma onda de assassinatos brutais e bizarros engole a cidade, Peter mergulha em um mundo onde deuses e deusas se misturam com os mortais... e um mal morto há muito tempo planeja um retorno em meio à crescente maré de magia.

Ben Aaronvitch escreveu alguns episódios de Doctor Who, uma das séries de maior influência na TV britânica. Esta é a primeira história de Peter Grant, mas já existe outra, na Amazon, chamada Moon Over Soho.

A descrição do personagem me pareceu similar à de Harry Dresden, detetive supernatural da série de Jim Butcher, The Dresden Files, que já citei aqui no blog. Jim tem a dianteira nesta corrida, mas Ben também tem experiência pra criar uma boa estória! Vejamos no que dá.

terça-feira, 8 de março de 2011

Preview: Leviathan Wakes (James S. A. Corey)

Um livro instigante de space opera. Via io9, como muitos. Segue a sinopse traduzida:
A humanidade colonizou o sistema solar -- Marte, a Lua, o Cinturão de Asteróides e mais além -- mas as estrelas continuam fora de nosso alcance.
Jim Holder é o capitão de um cargueiro espacial, levando gelo dos anéis de Saturno para as estações de mineração do Cinturão. Quando sua tripulação encontra uma nave abandonada, o Scopuli, eles percebem que possuem um segredo que nunca tiveram. Um segredo pelo qual alguém estaria disposto a matar... e matar em uma escala inimaginável. Uma guerra será iminente, se ele não descobrir quem deixou a nave lá e por quê.
Enquanto isso, o detetive Miller está procurando por uma garota. Uma em bilhões, mas os pais têm dinheiro e isso é o que importa. Quando a pista o leva ao Scopuli e ao capitão Holder, ele percebe que a garota pode ser a chave de tudo.
Agora eles precisam se esquivar do governo da Terra, dos revolucionários dos Planetas Externos e de corporações insidiosas -- e as chances estão contra eles. Mas, no Cinturão, as regras são diferentes: uma única pequena nave pode mudar o destino do Universo.

O nome James S. A. Corey é um pseudônimo; o livro é uma colaboração entre o autor de fantasia Daniel Abraham e Ty Frank (este último, assistente de George R. R. Martin, que você pode conhecer como um dos contribuidores da série Wild Cards e autor da série A Song Of Ice And Fire. cujo primeiro volume aqui é Guerra dos Tronos).
Os dois autores têm experiência em vários subgêneros de ficção e fantasia, e George Martin aprovou o livro -- o que, mesmo descontando o fato de um dos autores ser seu assistente, não quer dizer pouca coisa.
O livro ainda não foi lançado -- está em pré-venda na Amazon por US$ 10, e vai sair em Junho de 2011.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Resenha: The Unwritten (Mike Carey, Peter Gross)

Tive a oportunidade de ler esta série de comics, com roteiro de Mike Carey e arte de Peter Gross. O selo Vertigo começou a publicá-la em 2009, e já existem 22 números até agora, agrupados em três volumes:

Volume 1: Tommy Taylor and the Bogus Identity (números 01-05)
Volume 2: Inside Man (06-12)
Volume 3: Dead Man's Knock (13-17)
    A estória acompanha Tom Taylor, o filho de um excêntrico e recluso escritor, cujos livros infanto-juvenis revolucionaram o mundo. Tom compartilha o nome do principal personagem dos livros de seu pai: Tommy Taylor, um jovem bruxo, referência óbvia a Harry Potter (a série referencia  referencia dezenas de autores e obras famosas).

    Tom tem hoje entre 20 e 30 anos, e desde que seu pai desapareceu, ele tem vivido uma vida que não é a dele: todos que olham para ele vêem Tommy, o personagem, e não Tom, a pessoa real. Por mais que ele ganhe dinheiro autografando livros e aparecendo na mídia, ele não tem nenhum talento próprio.

    Os problemas começam quando, em uma convenção, uma moça misteriosa o acusa de ser uma fraude, de não ser realmente filho de seu pai. A revelação cria uma onda de indignação no mundo (as histórias de Tommy são incrivelmente populares no mundo). Tom então parte para descobrir seu passado real, sem saber que está se metendo em uma conspiração muito mais profunda e sobrenatural do que ele pensava. Quem é realmente Tom? Quem, ou o quê, é realmente o seu pai? Onde a ficção termina e onde a realidade começa?

    Personagens: Tom e seus dois amigos, Lizzie e Savoy, são a encarnação sarcástica de Harry, Hermione e Ron. As circunstâncias que os unem são tão misteriosas quanto sobrenaturais; mas sua personalidade é sólida e verossímil.

    Estilo: A arte de Peter Gross é muito boa! Ela é relativamente clean, boa para focar nos personagens sem distrair o leitor. De vez em quando, algumas histórias paralelas desviam da principal; isto seria um incômodo se eu tivesse esperado um mês inteiro para ver a próxima parte da história e no lugar dela tivesse uma side quest.

    Enredo: Esta é uma daquelas estórias que foram pensadas do começo ao fim. Até os volumes mais recentes recuperam e explicam acontecimentos dos primeiros. A constante crise de identidade de Tom e sua busca pela verdade mantém o ritmo da história sempre rolando, cada vez com mais mistérios para instigar a leitura, mas (felizmente!) com arremates bem pensados.


    De forma geral, a série é muito boa! Recomendo! Infelizmente, não há ainda notícia de uma editora que tenha a intenção de publicá-la aqui no Brasil... provavelmente vai sair na Vertigo da Panini, mas certamente não tão cedo.